sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Dose dupla


























Boa noite,
Sr. Golyádkin,
também
me chamam assim.

Somos sombras
cúmplices,
vacilantes,
falhas em duplicata.

Por favor,
coloque o capote,
aperte a minha mão
e o passo.
Não faça 
essa cara de espanto
nem me desaponte
com seu desdém.

Vamos vagabundear
por Petersburgo
em carruagem de cavalos de Kazan
digna do tsar.
Sairemos da rua Chestilávotchnaya,
atravessaremos
a ponte Izmáilovski;
Clara Olsúfievna
nos espera
vestida de versos franceses.

Não, amigo,
não há mais bailes aristocráticos.
Breve estaremos na neve
da avenida Niévski,
comemoraremos a morte
do Grande Inquisidor
no cabaré Príncipe Míchkin.


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