"The Embrace", 1917- Egon Schiele |
Gesto vazio
Um abraço
às vezes é tudo;
toque e troca de tom
da pele,
sai o cinza entra o
caramelo.
Adoro abraçar teu nome
principalmente agora
que enlaço o vento,
com as costas escoradas
na parede
para não cair.
As pernas ainda dispostas
a sair
correndo porta afora
atrás de tuas palavras
impuras.
Mas os braços escutam
o vazio
e murcham no escuro.
Gosto do Schiele e com sua poesia ficou demais! Gr. Bj.
ResponderExcluirO poema é lindo, mas noto certa incoerência no movimento dos braços se compararmos a estrofes 2 e 3. Por outro lado, essa incoerência pode ser reflexo da própria inconstância do eu lírico.
ResponderExcluirNão gosto de comentar meus textos, uma vez postados pertencem aos leitores. Mas na segunda estrofe o abraço já enlaça o vazio, o nome é uma presença transformada em fantasma, por isso é necessário escorar-se na parede. O verbo adorar refere-se à sobrevivência, à memória amorosa.
ResponderExcluirNa terceira, embora ainda existam a beleza do que se perdeu, a sua necessidade e a capacidade de lutar por tê-la de volta, a alma quebrada do eu lírico murcha ao perceber a inutilidade de um abraço em que está sozinha.
Talvez a incoerência dos braços seja, na verdade, a instabilidade emocional de quem quer e não pode abraçar a quem ama.
Muito obrigado pela observação, meu inominado comentarista. É muito bom saber que alguém lê realmente os meus textos.
Adorei isso: "Adoro abraçar teu nome/ principalmente agora /que enlaço o vento"
ResponderExcluirAcho que virei fã.