I
Outrora calipso,
agora memória em lapso,
colapso das horas.
II
Orgulho do gládio,
onde se fixa florescem
gala, gozo e gáudio.
III
Água no quintal.
Ontem a chuva caiu
em cama deserta.
IV
Café da manhã;
mel, pássaros, solidão
e um talvez na porta.
V
Doar-se, doer-se,
danar-se, cão condenado
a não se dizer.
VI
Morri de seus olhos,
de você pela metade
em outra lacuna.
VII
Janela nublada
fecha cortina grená
à melancolia.
VIII
Resíduo inócuo,
junco jogado no barro
de corpo insalubre.
IX
Um sol tangerina
faca de brasas em casca
corta gomo a gomo.
X
Um haicai balança
mas não cai. O bom malandro
não cai de cabeça.
XI
De gala o azul
no céu, anjos e azulejos
amanhecem luz.
XII
Na campina um cão
acende folhas e ventos:
farol nas narinas.
XIII
Acesa a palavra
mais áspera, buscar água
de apagar eclipses.
XIV
Fora de controle
o amor, vestido ao avesso
no corpo que explode.
XV
Soltar o verbo,
os cachorros, os demônios,
voar na língua solta.
Fora de controle
o amor, vestido ao avesso
no corpo que explode.
XV
Soltar o verbo,
os cachorros, os demônios,
voar na língua solta.
XVI
Lágrimas e gritos,
esgrima contra o espanto
mínimo espantalho.
XVII
Pronome - clones
de nomes com carga oculta
no DNA da língua.
XVIII
Os, as, isso, aquilo,
não deixe a dêixis diluir
os mil e um sentidos.
XIX
Abrir um abraço
sobre teu corpo maduro
e fundar um mundo.
XX
A curva final
acesa. Um desenho ainda
sonha na prancheta.
XXI
Talvez amanhã,
agora, quase, nunca,
o amor, a aurora.
... amanhã quem sabe... o amor na aurora...
ResponderExcluir[ ] Célia.