α
Bom garoto
aquele. Um pouco envelhecido. Os cabelos já grisalhos. Um cara cem por cento em qualquer situação, amigo
para o que der e vier. Trabalhou a vida inteira, acordava de madrugada e
voltava tarde todo santo dia. De tão obstinado conseguiu vencer. Sim, nascera
para triunfar, dominar. O grande vitorioso. No entanto, agora, ei-lo prostrado
a demonstrar a tranquilidade mais cínica do mundo, como se estivesse a nos
escarnecer. Seus familiares acariciam pela enésima vez os diplomas e as
condecorações do ilustre barão assinalado com a mesma ternura derramada sobre
seus cabelos revoltos. Fora o filho predileto; amor e honra dos pais. O grande
homem da família. Nosso querido filho, nosso amantíssimo marido, nosso
inesquecível pai, nosso amigo do peito. Ah, foi embora tão cedo. Amanhã, onde
aquela camaradagem de tantos anos de vida e aventura? O grande caçador de
bandidos, o justiceiro implacável, o policial de ouro... Da pena olhar a viúva:
o rosto macerado pelo sofrimento; dor com máscara serena, estoicamente
enfrentada. Talvez os inimigos cavilosos denunciem em seus encontros de
derrotados a montagem de uma falsa biografia à beira do túmulo. Talvez. Não
posso admitir tal possibilidade. O morto foi um grande homem. Ele mesmo não se
cansava de afirmar isso. Os jornais noticiam a perda irreparável, estampam na
primeira
β
Barbaridade!
Como foi possível enganar dessa maneira? Como logrou despertar a simpatia da
vizinhança toda? E aquela fotografia tirada num orfanato, rodeado por tantas
crianças, tantos risos ingênuos . O pior de tudo, o seu próprio riso,
profundamente comum e largo como se humano fosse. Apenas abutre, bem
sei/sabemos. A ave de destruição que mergulhava sobre nossos corpos para
reduzi-los a cinzas. Às vezes, nos vomitava vivos, embora já desprovidos de
rumo. A gralha que fabricava nos subterrâneos da mente a nossa loucura. Aquele
riso em seus lábios assemelhava-se a uma fotomontagem. E o grande ódio. A
grande frustração de sabê-lo vivo e ativo. A grande revolta de suportar a sua
momentânea vitória, o seu canto de galo. A imperdoabilidade de não tê-lo matado
com as minhas próprias mãos. Suprema tortura – o seu derradeiro golpe baixo – o
patético de sua fuga. Ai! Como o odiava! Com que fúria! Com que rancor! Quanta
mágoa represada! Quanta acumulação intestina de dor e sede de justiça. Cheguei
a pensar que enlouqueceria como tantos e tantos, sobreviventes ou suicidas, mas
o ódio nos torna resistentes, capazes de suportar todos os horrores do inferno
na esperança de uma desforra, de vingança implacável. Não adianta o companheiro
me julgar, me acusar de desvio personalista, fraqueza psicológica, falta de
estrutura, disso e daquilo, porque só
meu coração permanece pela metade. A
α
página
comentários elogiosos ao seu desempenho. Não quero restringir-me ao aspecto
laudatório. Não. Posso falar com clareza, apesar da perda, do assédio de ideias
desencontradas e de lembranças confusas. Meu amigo. Verdade que alguns nunca
perdoaram. O morto era um homem com a mesma firmeza e serenidade estampadas no
rosto da mulher que o amou (amou mesmo?). De uma simplicidade cativante,
possuía inata capacidade de fazer amigos e ser benquisto por comunidades
inteiras. Um homem com a forma de outro qualquer: domingueiro, carinhoso com a
mulher e os filhos, amante de uma peladinha nas horas vagas, de praia, bons
filmes, passeios ecológicos com a família. Por que assacavam contra a sua
honradez acusações tão torpes e infundadas? Entre nós, velhos amigos, quantos
porres, feijoadas, churrascos, loucuras, conversas madrugada afora, mútua
degustação de pequenos prazeres, amantes, vícios da intimidade. Sempre ao lado
dos homens, da lei, da ordem, da segurança – apesar dos medíocres e dos
rancorosos. Prestativo, bom, corajoso, nunca se furtara aos trabalhos mais
duros. Aliás, disposição não lhe faltava; encarava qualquer barra em qualquer
lugar. Por isso não lhe perdoaram: o desassombro, a macheza, a virilidade, a
inteligência instintiva, a sadia brutalidade dos realmente fortes. Puro,
invencível e primitivo como um deus guerreiro, um rei bárbaro. Colocava toda a
sua força e astúcia em defesa da família, dos humildes, do governo, sem o qual
só podem existir anarquia, baderna, desemprego, conflitos, agitação. Os
inimigos e sua fraqueza revoltante.
Bando de maricas.
β
grande lacuna
por cima de tudo, pairando sobre todos os projetos futuros, embora o
companheiro diga que a luta continua, e eu saiba que resistiremos sempre, até a
nossa vitória definitiva, choro por todos, perdoe ou não, sangro por tantos,
contudo Roberto é tudo agora, nesse momento: a humanidade toda, todas as
estrelas, tudo, tudinho. A sua muda presença está por trás de todos os meus
gestos e palavras, por todos os cantos do apartamento. Gostaria de reler pela
milésima vez suas cartas e poemas. Impossível. Destruíram todas as ligações,
bloquearam todas as estradas do passado, suprimiram laços de fé e amizade,
criaram cadáveres e loucos, apagaram, mesquinhamente, o passado, subtraindo
marcos e habitantes. Como reconstruir a normalidade do cotidiano, reconquistar
a simplicidade das coisas, arquivar amarguras e aniquilamentos, quando um
conhecimento invulgar de sombras, fantasmas e pestilência, irremediavelmente
adquirido, recobre a pele dos acontecimentos? A memória recompõe Roberto de
modo incompleto: reconstitui o rosto parcialmente iluminado. Recita,
gaguejante, palavras quase inaudíveis, introduzindo grandes espaço vazios em
seu discurso transbordante de amor e vitalidade. A memória se exaure em
inacreditáveis mundos submersos nos porões da perversão e da degradação moral.
Ah! que o companheiro me perdoe. Não pretendo ostentar marcas, transformá-las
em medalha, entenda bem. Quero tão-somente dizer que essas feridas são fendas incicatrizáveis,
entenda bem. Permanecerão integradas à minha história, encarceradas eternamente
na alma. A carne queimada viva continua
α
Os inimigos e
sua covardia, escondidos no meio do povo, protegidos por batinas, camuflados em
casas miseráveis. O choro vergonhoso de suas famílias nefastas. Nojo. Fraqueza.
Fanatismo. Ele me ensinou a desprezar pombas e carneiros. Tornou-me lobo. Não
sabiam da amizade que despertava em gente humilde, abandonada à própria sorte.
De uma cerveja em um botequim mambembe extraía um grande amigo. Sim, quantas
vezes não pescamos desse modo. Quantas discussões: a existência de Deus, a
fatalidade da tortura durante a guerra, o destino do homem, o sentido da
história, a necessidade da intolerância e de leis rígidas e implacáveis,
sobretudo a rapidez e eficiência das informações. Ele se julgava caçador,
aventureiro, desbravador. Eu tentava aprofundar-me, pescador, almejando
requintes estilísticos, sofisticação, método e planejamento. Ele, apaixonado
pelo trabalho; eu, um técnico rigoroso, sem envolvimento emocional, procurando
jogar no time vencedor. Infelizmente nunca consegui superá-lo. A ferocidade de
seus atos desarticulava qualquer sedição. Verdade que guardo secretas mágoas.
Sei que foi promovido graças ao meu sacrifício. Sabia dos meus recalques e
receios, tenho certeza. Meio bruxo. Seus pais ficavam tão felizes com sua
extrema dedicação. Surpresos com o falecimento rápido, inesperado, patético. O
próprio morto jurara morrer em combate com duas quarenta e cinco nas mãos, a
alma cheia de ódio. Mas a morte tem passos furtivos, sua presença sempre nos
pega desprevenidos. Seus pais mergulharam num velho álbum de fotografias. Nunca
conseguira imaginá-lo criança, envolvido em
artes de bola,
β
aberta e quente.
Fala, geme, grita, explode ainda. A minha língua guarda o gosto do cobre, do
cobre que alimentou o meu suplício em voltagem insuportável, do fio que
penetrou amargura em minha vida e ainda não saiu da minha insônia, latejando,
pingando, esvaindo-se no suor noturno sobre uma cama vazia de..., sobre um
quarto vazio de..., sobre um corpo vazio de..., que caiu, porra, ao meu lado...
que caiu quando gritar já não era possível e só a insensatez era capaz de
manter a existência. A nossa capacidade de suportar o sofrimento é quase
infinita, só é superada pela habilidade do ser humano em infligir padecimentos
ao seu semelhante. Não posso esquecer a noite eterna que se abateu sobre os
meus passos, as pancadas secas e ritmadas, o ranger de manivelas e portas, as
pragas e as gargalhadas, o cheiro de carne humana sendo queimada por maçaricos,
os bastões metálicos penetrando, violentos, corpos desfalecidos. Preciso jogar
todo esse sangue ainda fresco pela janela, fechar a chaga que me dilacera,
arrumar novos sentidos. Porém é tão difícil sem a energia e a coragem de... Que
o companheiro me perdoe. Puta que pariu, meu amigo! Eu sei! Eu sei! Eu sei! Não
precisa repetir as mesmas palavras zilhões de vezes. Porra! A revolução não
virá só da cabeça, meu irmão. Brotará do coração, do estômago, do pênis, da
bunda, da xota, dos olhos, do nariz, dos ouvidos, dos pulmões, da pele, das
palavras de paixão e ira. Não posso impedir a revolta cega, surda e muda contra
a engrenagem a impulsionar a insanidade dos torturadores. Também não posso
deixar-me reduzir a um espelho... ao sol que
α
boné e bagunça. Será
possível? Não seriam aquelas fotos forjadas para preencher a supressão de afeto
e ternura numa criatura voltada ao extermínio dos adversários? Será possível a
existência de uma simples bola de gude ou de um pião em mãos sequiosas de
berros pavorosos e expressões de angústia sem par? Como conseguiu tolerar-se
menino? Seus amigos de infância estarão vivos? Onde? Fora a verdadeira adoração
aos pais e à família, onde caberia amizade autêntica sem laços de ofício ou de
interesse? Contudo morre um amigo e a realidade permanece a mesma. Sim, amigo,
por que não? Amizade nascida de ofício comum: comunhão. Os inimigos não morrem
nunca. É preciso aumentar o trabalho, dar-lhe mais consistência. Somos poucos.
Uma pequena elite preparada para salvar a sociedade do caos e da destruição.
Somos criaturas raras, eleitas pelo destino para abater os criminosos ateus.
Lutamos pela preservação do homem e não hesitamos em sujar as mãos. Garantimos
a normalidade, a felicidade, o bom senso, a tranquilidade dos lares, o sadio
equilíbrio entre a tradição e o progresso, sem tumultos e conflitos. O morto
advogava essas ideias, lutava por uma causa nobre. Agora, precisamos dar
prosseguimento a todos os projetos de controle e de combate a elementos
desagregadores do sadio tecido social. Os degenerados não desistem facilmente.
São indivíduos perversos, perdidos, escravizados às teorias subversivas. Os
rebeldes não se entregam. Por isso construímos masmorras e aparelhos especiais
desenhados para quebrar-lhes a resistência, obrigá-los à sórdida delação,
β
brilhou,
iluminou e incendiou-se ao tentar espalhar as chamas de um novo tempo. A
memória da sua voz hipnótica vagueia em meus ouvidos empobrecidos por mãos
selvagens. Seus gestos ainda acontecem bem diante dos meus olhos. Sua crença
inabalável na redenção da humanidade ainda permeia meus pensamentos. Ele ficava
nervoso, vermelho, gaguejava, gesticulava excessivamente, xingava-me. Depois
das explosões cobria-me de beijos, enquanto as suas mãos aflitas escorregavam
delícias sobre meu corpo, tentando recuperar uma discussão perdida. Abraçados e
calados, frente a frente, tentávamos desvendar o mapa de auroras desconhecidas,
rascunhávamos um júbilo coletivo, imbuídos de reflexões e ousadia, carentes de
lucidez e organização. Ah, as mãos que te supliciaram não foram paridas por mãe
humana. Foram mãos acostumadas a quebrar brinquedos, a torturar animais, a
destruir plantas, a esmagar o próximo com os pés desde o berço. Nunca
descobriram um louva-deus na parede. Nunca acariciaram um gato. No entanto,
fora do ritual satânico, pareciam pertencer à galeria dos homens comuns. Fora
dos templos da nossa agonia, possuíam amigos numerosos, parentes, passado,
aspirações, respiravam virtudes, bebiam comemorações, trepavam. Podiam andar
com naturalidade pelas ruas, fazer compras, mexer com as mulheres, ir à missa,
fazer hora. O corpo de cada torturador semelhante ao rosto de... boca, nariz,
olhos, faces, cabelos, pernas, tudo igual. Pessoas, para incautos que os olhassem
de longe com displicência ou gratidão; serpentes do mal absoluto por dentro, se
contemplados no intervalo entre ação e
α
embaraçar suas
estratégias defensivas, disseminar a desconfiança, minar os princípios,
corrompendo a crença depositada em suas pestilentas doutrinas. Lembro-me de
muitas quedas e confissões que levaram ao suicídio; delações que estraçalharam
falsos heróis, até então dedicados de corpo e alma a uma causa inglória. Sim,
somos o lado do mais forte, da lei da selva, dos negócios, das negociatas, dos
falcões e das falcatruas. Quem atravessa o nosso caminho é executado.
Precisamos acreditar nisso. Não posso raciocinar como outros adeptos que
consideram que o fundamento é o dinheiro, o bom salário, o conforto, as
facilidades. Não. Isso não é justificativa. Os inimigos não merecem piedade.
Precisamos de mais verbas. Enganam-se as altas gargalhadas dos bares, entre
rodas de desfibrados anfíbios, crentes que já não somos importantes e, em
breve, seremos desativados. Ninguém vive sem a nossa presença. Não podem nos
deslocar para serviços meramente administrativos nem arquivar nossas práticas
em aposentadorias forçadas. Todos precisam dos nossos préstimos. Somos um peso
que têm de carregar, quer queiram, quer não. Somos a garantia da continuidade
da produção, dos investimentos, da circulação de riquezas, da permanência do
lucro como o fundamento da sociedade. Azeitamos a máquina mercante para que
tudo transcorra nos marcos da normalidade. Sei que somos acusados de desvio da
finalidade para a qual fomos criados, de extorsão de familiares de nossas
vítimas, de chantagens econômicas e sexuais, de prática sistemática de butim.
Negra calúnia. A pequena fortuna do falecido formou-se em troca de extensa
β
consciência, o
sombrio interior a abrigar toda a criatividade dos demônios – insuperável
repertório do pânico. O sofrimento foi tatuado em nossos corpos com um método e
um rigor impessoais, burocráticos,
copiados de centros repressivos mais avançados: questão protocolar com o sangue
dos nossos sonhos. Tudo concebido nos moldes de uma liturgia sinistra,
auxiliada pela força de um poderoso e onipresente aparato a sustentar
desaparecimentos e supressões em todos os recantos do país. Nossos sorrisos
banidos em velhas fotografias três por quatro. Biografias de exemplares
inimigos públicos falsificam acontecimentos e trajetos. Sentenças forjadas em
tribunais formados por formas extremas de servilismo determinam a extensão de
nossa sangria. A imprensa inventa, espalha e amplia nossos fictícios crimes e
taras. Nosso isolamento cósmico. Talvez, depois de uma “sessão espírita”, o
velho esmurrador brinque com o netinho favorito ou afague, afetuoso e de
coração mole, o cãozinho de estimação. Talvez a esposa reze por sua alma,
temerosa de que bandidos desalmados assassinem marido tão dócil, tão carinhoso
e destemido. Talvez tenha pena de seus familiares, da grande mentira pregada a
todos, da sujeira escondida com cuidado nas profundezas de seu espírito
enfermo. Aqueles monstros pareciam humanos. Possuíam caras de pai, avô, filho,
marido, amante, torcedor do Flamengo, jogador de sinuca, boêmio... Há detalhes,
porém, comprometedores: o tique nervoso dos olhos, o medo guardado no menor
gesto, a bebida e as drogas afogando a revolta, a impotência diante de... mudo,
de boca trancada em um corpo aberto. O
α
série de favores, nebulosos, é certo, mas sem qualquer relação com as generosas verbas destinadas ao “serviço”, seja oriundas do governo, seja provenientes dos amigos financiadores. Se um próspero industrial, um banqueiro poderoso ou um político de prestígio precisavam limpar o terreno para ampliar os negócios, que mal havia em cooperar para o êxito dessas iniciativas? É verdade que gente inocente caía na rede. Infelizmente esse é o preço do jogo. A tarefa suja historicamente sempre foi recompensada com fatias de poder. Todos recorrem à nossa experiência. Devemos ensinar às novas gerações as lições deixadas pelo pranteado morto. Arrebanharemos novos discípulos. Temos de mudar de tática, dissimular, mentir, enganar, confundir, manipular. Deixemos nossos inimigos cantando o nosso fim pelas ruas e praças ébrias de liberdade, deixemos. Hoje também somos democratas. Somos invencíveis, eternos, absolutos. Ninguém pode nos dominar ou prescindir dos nossos artifícios. Podemos assumir mil formas, instalarmo-nos como um vírus no seio de qualquer democracia. O morto sabia disso.
β
ressentimento
de quem reconhece a superioridade moral do inimigo, a vergonha de não ganhar a
guerra sem os recursos odiosos da traição, da mentira, da tortura, do sequestro
de cônjuges e filhos, dos assassínios, do horror. A ultrajante humilhação de
não poder morrer por uma causa justa como... Sim, nunca pôde fugir ao reconhecimento
insuportável da gigantesca diferença entre a legião de assassinos que comandava
e todos os outros indivíduos da sociedade. Imensurável distância entre a entrega
de vidas em vermelho no chão da ágora transformada em jaula e as mordaças estendidas
por mãos sequiosas no chumbo da indiferença sanguinolenta. Reconstruiremos
pedra por pedra o caminho da luta. Outras utopias incendiarão novas auroras.
Novas canções vermelhas serão tatuadas nos muros da atonia, do consumismo, da vida
transformada em espetáculo. As pessoas, cansadas da mídia, da repressão, das leis,
dos governos, irão se levantar nas ruas, derrubar os muros e reconquistar a ágora.
Os povos não podem ser reduzidos a commodities
humanas. Somos a rua, somos a primavera, somos a vida. O morto sabia disso.
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