Não consigo parar de escrever esses poemas anacrônicos. Como vivo na
contramão do meu tempo, talvez seja eterna maldição. Só pulando fora do
horror para encará-lo e seguir em frente. O que é uma contradição,
certamente. Talvez a anacronia seja
apenas a falsa aparência, uma camisa de força necessária ao mundo hostil
à apreensão lírica. De qualquer forma, sigo no meu pugilato, agora
medindo distância, procurando apurar a mão para o golpe certeiro. Nós,
poetas, sabemos que tudo o que buscamos na vida é um poema com a força
de um nocaute. Não é o caso deste, evidentemente, pequeno jab talvez com
leve intensidade.
O amor trancado no cofre
Cem metros à esquerda
uma decisão me espreita.
Basta uma palavra
para incêndio ou primavera.
Preso na garganta
um transatlântico
vê o horizonte
migrar para o impossível.
Duzentos metros depois
nada sobrou de nós dois.
Cem metros à esquerda
uma decisão me espreita.
Basta uma palavra
para incêndio ou primavera.
Preso na garganta
um transatlântico
vê o horizonte
migrar para o impossível.
Duzentos metros depois
nada sobrou de nós dois.
Ao abrirmos o cofre... sempre haverá uma surpresa!
ResponderExcluir[] Célia.
Ora, ora, o amor! Mais uma invenção humana...
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