Caos
é meu nome
em dias de tempestade
e assombro.
No cais flutuante
do sonho
toda madrugada
o mundo acaba
sem trombetas
bem de mansinho.
Preciso morrer
de vez em quando
para adubar de sombras
palavras
ameaçadas de caminho.
Preciso morrer
para livrar-me
do acúmulo de fendas
no pergaminho do rosto,
para livrar-me
do peso de gestos
decalcados de noite e de dilúvio.
Preciso morrer
antes que o galo cante
qualquer redenção.
Pular a possibilidade
de sentido,
cortar qualquer entendimento,
viver sem explicações.
Preciso morrer
para permanecer vivo.
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