"O beijo", pintura rupestre, Serra da Capivara, Piauí. Foto de Ivan Padovan |
Antes que abras a boca e lances luz
púrpura sobre palavras perdidas
em eterna cobrança por outras vidas
insinuo que nada mais me seduz.
Mas rubra concha carnívora se arma
logo, nada vale minha defesa
covarde, a pele afunda-se na lama,
lábios acesos me tomam por presa.
Boca ilimitada, do céu e do inferno
a mesma entrada: palavras que matam,
beijos que me contaminam do eterno.
Morre a última palavra no céu
da caverna, onde os demônios saltam.
No peito e na alma
intenso fogaréu.
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