Robert Oltay - Bomben für Sarajewo 1995 |
Deu agorinha mesmo na Rádio Não
Sei Qual. Gravei no meu decodificador de
banalidades cotidianas. Alguma coisa se perdeu, é claro, muita interferência de
campanas, hackers, gravações clandestinas, espionagem policial, voyeurs
amadores, mas o fato objetivo, cru, insofismável pôde ser reconstruído em sua íntegra no texto
abaixo.
Guerra de facções
Tiroteio cerrado
em plena Praça Seca.
Homens encapuzados
fortemente armados
desembarcaram
de dois discos-voadores
por volta das duas horas
para conquistarem
páginas alheias
com fuzis
dáctilos,
peons,
troqueus,
iambos,
anapestos
e espondeus.
A população viu
apavorada
versos desmancharem o céu
com enjambements
e constelações concretistas.
Cacófatos estrondosos
foram ouvidos
a quilômetros
de distância:
dez poetas herméticos
morreram de infarto.
Uma manifestação de apoio
à horda invasora
organizada por poetas visuais
terminou em pancadaria
generalizada.
As autoridades,
vestidas de escândalos e negociatas,
acabam de afirmar sobre o fato:
“Não vamos negociar.
poetas sempre foram pedra no sapato.”
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