Carrego comigo
um bloco antigo
sem pauta
ainda virgem.
Pensei
povoá-lo
de letras ilegíveis
mas veio
extrema curva fechada.
As folhas
ainda adormecem sem mácula;
as palavras impossíveis
queimaram as asas
ao saltarem pelas janelas.
Seguro-o
num gesto inócuo
com redobrado vigor.
Agora é tarde:
a última palavra
já afundou todas as sílabas na lama.
Carrego comigo
um bloco em branco;
arredio,
intratável.
De suas folhas ocas
um foco de intolerância bruta
expulsa qualquer palavra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário