Egon Schiele |
Sou Judas e vim cravar punhal babilônio
nos olhos da harpia tatuada em tuas costas, serviçal de Gomorra, para que não
vejas o tremor germinando no solo fértil da solidão dos que traem. Pertenço à
legião daqueles de que nada sai sem o sacrifício de sangue e inocência. Sou da
tribo dos possessos do espírito e devassos da carne que cruzam o deserto dos
prédios para espalhar perversões em salas de cinema. Vim para devastar teu esfíncter
banhado em azeite e lágrimas. Vim para calcinar o pântano maldito do teu clitóris,
falso espelho do meu gládio, logo abaixo do terceiro círculo do inferno. Vim
para enfiar em tua vulva uma carga de mágoas e rosas, pulsante navio transportando
adubos, moedas, deuses, sucatas e sonhos. Para ti, serva libertina, o pau vibra
qual um cometa ao tocar um ponto qualquer no universo após um século em órbita.
Para ti, voz melosa ao telefone em falsas promessas, esta matilha de crimes
implorando socorro.
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