segunda-feira, 6 de maio de 2013

Quarta incursão à carne

Egon Schiele




Sou Judas e vim cravar punhal babilônio nos olhos da harpia tatuada em tuas costas, serviçal de Gomorra, para que não vejas o tremor germinando no solo fértil da solidão dos que traem. Pertenço à legião daqueles de que nada sai sem o sacrifício de sangue e inocência. Sou da tribo dos possessos do espírito e devassos da carne que cruzam o deserto dos prédios para espalhar perversões em salas de cinema. Vim para devastar teu esfíncter banhado em azeite e lágrimas. Vim para calcinar o pântano maldito do teu clitóris, falso espelho do meu gládio, logo abaixo do terceiro círculo do inferno. Vim para enfiar em tua vulva uma carga de mágoas e rosas, pulsante navio transportando adubos, moedas, deuses, sucatas e sonhos. Para ti, serva libertina, o pau vibra qual um cometa ao tocar um ponto qualquer no universo após um século em órbita. Para ti, voz melosa ao telefone em falsas promessas, esta matilha de crimes implorando socorro.


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