O que salta dos olhos não são
imagens de pêndulos sobrevoando a orquestra de notas falhas, quando descemos
dois tons ou quando o si bemol atravessa as paredes para auscultar corpos
despojados de sonhos no madeirame tomado por cupins no cômodo ao lado. Também irrompem
sobre as pequenas hortênsias desenhadas em lençóis noites de interferências e
assimetrias entre tesão e batalha, noites em que saltamos tigres, atravessamos
o vácuo e caímos de costas, sem garras, vendo o olhar de escárnio da presa que
nos escapa. Tanta espera e urgência inscritas em coxas morenas anatematizam a
lança que não alcançou o alvo. Uma cidadela de portas abertas na cama expele
seu pavor mais fundo, os lábios grandes e pequenos da vulva secretam, em impura
resina e rancor, todo o léxico uterino do
inferno e, inflados de sintaxe homicida, sopram insultos ao falo. Os deuses e
os homens brocham com a cara na lama.
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