Egon Schiele |
Entra-se por qualquer porta escancarada,
penumbra fora de perímetro. Às vezes se volta de mãos vazias e com a alma
morta. Sempre se alcança, no entanto, ao se erguer os pés além da entrada, mais
que porta, nimbo fora de qualquer teologia, bunker
de tijolos aveludados isolado no tempo. Por
que maciez, champagne e seda? Por que
tantos espelhos e excesso de vermelho nas cortinas? E esse olhar falsificando
atração, memória e gula? E essa indumentária incomum sobre a qual repousam aparelhos
mecânicos e pílulas para performances guinnessianas? E a boca, sim, a boca, a
boca esplêndida e viciosa, a boca, atelier da carne, centro de efeitos efêmeros
que escapam ao provisório, aos prazeres-zumbis que se recusam à morte mesmo
confinados a poucos segundos. A boca que já não diz por que inventa, a boca
esponjosa cuja cegueira arremessa urgência nas paredes.
Só restam 'mãos vazias e almas mortas' no escurecer de vidas...
ResponderExcluirAbraço, Célia.