terça-feira, 19 de março de 2013

Quando a segunda pessoa é a primeira

"Ondina Dormida" - Pintura de Gonzalo Morcillo Juliani


























Milhares de punhais
saltarão do mar
camuflados em espumas
para furar mais fundo
o buraco que tens na alma
e beijar a bile negra,
o sangue de tua sombra

As ondas te perseguirão
no interior da cidade
sem abrigo
sem blindagem
até cumprires
a promessa de naufrágio.

O oceano largará no leito
coágulos de pesadelos
para lançar a muralha líquida
de todas as ondas
contra teu corpo de conchas
e lua cheia.

No refluxo das águas,
gêmea de Lázaro,
atravessarás impune a rua
para armar novas tempestades.


Um comentário:

  1. Uma promessa de naufrágio na rebeldia dos ventos e das marés.

    Um belo poema!

    Lídia

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