sexta-feira, 5 de agosto de 2011

HELENA DESTRÓIER

















  



   



José Antônio Cavalcanti


A Vênus do telemarketing
sai apressada da sala no sexto
andar
de leveza e vulgaridade
acesa.

Sem medo,
largo a longa fila de emprego,
perco de vista a entrevista
e me atrevo um Páris.

O coração sai em disparada.
A perco de vista
entre a sala 610 e a escada.
O ascensor me escapa
(bem que li no horóscopo
que esse dia não daria em nada).

Desafio os deuses e a idade,
recordista de velocidade
mas chego tarde à Ítaca.

Vejo a Vênus de crachá
girar a roleta do adeus.

A Vênus de tênis e fones
some no meio da multidão,
essa maldita invenção de Baudelaire.

Eu, Heitor hilário e exausto,
acabo arrastado por um carro
no centro do estacionamento
Aquiles Park.

Um transeunte afirmou convicto:
o morto parecia drogado.

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