sábado, 12 de fevereiro de 2011

NAU URBANA


Cidade, Cícero Dias


                José Antônio Cavalcanti

Sombras sonoras piscam
na cidade,
esse charco aceso de segredos
onde anjos boêmios dissolvem
- com palavras e copos plásticos -
os muros do paraíso.

Noturnas,
as vias respiratórias da urbe
- duto de perversões e desvios -,
em sístole e diástole,
marcam o ritmo veloz
das aves que migram do inferno.

Bairros,
manchas de lixo e entulho
impermeáveis à luz
exibem lúgubres
a miséria de domicílios inviáveis.

Arquitetura e tautologia,
as fibras dessas construções
recusam passagem ao júbilo.

Ausência de música e catedrais;
Apenas a pauta das máquinas
Na mímica das mercadorias.
Encena insana dramaturgia.

O Armagedon não armou a paisagem.
A cidade é mesmo jogo sem regras,
sem sentido, sem finalidade.

Um comentário:

  1. Gostei de Nau Urbana.
    Principalmente do trecho "esse charco aceso de segredos onde anjos boêmios dissolvem
    - com palavras e copos plásticos -
    os muros do paraíso".

    Visitei e retornarei.
    Abç

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