sábado, 7 de julho de 2012

A alma no aberto






















O bóson de Higgs
se dobra e desdobra
para me fazer um outro
mas não sou Rimbaud
não sou eu nem esse
nem aquele nem quero
não ser um ser qualquer.
Nada ao lado,
vazio ao centro,
é sempre o mesmo sopro,
o perfil torto,
o incompleto rosto
de um louco
sem amor
sem matéria
sem dentro.

A última partícula
partirá rumo ao esquecimento.

Como no amor,
o que se amplia na física*
é a fissura dos limites.

* entenda-se por física
as turbulências de seus olhos verde-suicida.


2 comentários:

  1. ... transcendo com seu poema... profunda reflexão... partículas... pedaços de mim... de nós...
    []Célia.

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  2. Oi, Célia, obrigado pelos seus generosos e frequentes comentários. Não sei se fui feliz, mas o texto aponta para o ilimitado não como algo negativo, mas como a matriz do nosso movimento. Achei fantástica a descoberta do bóson de Higgs. Sei, no entanto, que o mundo e nós nunca seremos mapeados totalmente, pois ambos somos aquilo que sempre nos escapa, e é esse fugir a mola propulsora de nossas vidas, pois nos obriga à busca, à aventura, à formulação de novas questões. Um agraço

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