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Escadaria do Morro de São Carlos, na década de
1930 , fotografada por Augusto Malta. |
Passava Damião Experiência
com sacola cheia de
remendos
catando sons e ruídos no
chão.
Da Adega dos Amigos e
Lordes do Estácio
víamos os seus cabelos
aos gritos.
Havia conhaque bem
vagabundo,
e a vida era besta
apesar da lua ausente.
Heitor dos Prazeres,
Ismael Silva,
Moreira da Silva, Luiz
Melodia e tantos outros
dançavam no meio do Largo
do Estácio.
Com as pernas calibradas
de álcool em dose insuficiente
para aguentar o rojão,
eu subiria a Machado
Coelho,
viraria à direita,
direto aos peitos
das meninas do Mangue.
Depois de dez cruzeiros
e cinco minutos,
mulher de bobes no cabelo
e fotonovela nas mãos,
com pernas abertas de má
vontade,
resmungaria amorosamente
“Anda logo moleque!
Você não tem grana pra
exclusividade”.
Sairia manchada
minha fama de bamba
rumo à rua Maia Lacerda.
Mas o Estácio,
o velho e amado Estácio
logo logo me salvaria:
“cortar o cabelo
que a noite soberana
vai trazer a lua do
samba”.
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