terça-feira, 21 de maio de 2013

Sétima incursão à carne





Não cair pela segunda vez, mesmo que íngreme demônio o caminho à tua pele estendida no alto de tantos desencontros. O desejo e seus antigos afluentes latejam nas têmporas correntezas sanguíneas, pressão em alfa, tonta navegação armilar nos polos cranianos. Todos os líquidos corporais operam prodígios no campo magnético dos olhos, injetando-lhes uma luz alaranjada que alimenta cães selvagens na penumbra de seios à espera de ossos e areia. O sopro oriundo de cofres internos devasta espera e amplia ao infinito o som da abertura do zíper, enquanto o mover-se inquieto das mãos, impuro balé tateando maciez e manhã em peles rasuradas de hiatos e perdas, em teus pelos úmidos, em teus ocos, acende luzes de emergência entre as coxas. O tempo líquido, um mar anterior ao mundo, faz a armada ora levitar, ora ir ao fundo, mas todas as naus resistem completas à intensa travessia. As marés da carne, o enroscar-se de caramujos, a hibridez de rocha e esponja, tudo respira instante e eternidade. Alargar e contrair luas e pêndulos cravados na loucura mútua. Na ausência de centro, apenas alternância, ritmo, dança erótica; movimentos centrifugo e centrípeto. Corpos cerzidos, emendas afetivas, rascunhos amorosos, males da alma, tudo se evapora. Despidos de nós, o que somos vige exatamente agora quando gozamos estrelas de igual grandeza. 


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