Pensei
em escrever um poema tomando por base uma expressão evanescente de longínqua
aula de inglês - "a plastic spider". A professora sentada, minha
adolescência em febre escorrendo nas pernas generosamente cruzadas do vestido
tubinho azul celeste. Eram frases sobre presentes. Pura redundância a quem já
havia sido abastecido para noite insone. Obtuso como poucos, recusei-me ao
exercício. Aranhas de plástico não existem. Nenhuma aranha sem mobilidade. A
aranha sem expectativa não é aranha, apenas mosca morta. Para que oito pernas,
se não chega a Minas? Uma aranha precisa viver à espreita. Pulsa forte o
coração de aranha?
Eram
as minhas frases no caderno (ainda existiam cadernos e neles alguma coisa era
escrita sempre de forma errada). Noite adentro, no entanto, outras aranhas me
sacudiam inteiro em teias invisíveis. E é assim que os poemas desacontecem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário