sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A caminho da Colônia Juliano Moreira





















A caminho da Colônia Juliano Moreira
vejo meu irmão
com um envelope amassado no peito
do outro lado da pista
da Linha Amarela.

Morto há mais de uma década
parece não se importar
com o tempo,
o corte de cabelo
e a roupa fora de moda.

Não posso parar
(o que teria a me dizer
virá escrito em sonhos).

Vou buscar minha mãe
no leito 13
antes que a noite desabe
a promessa de dilúvio no horizonte.

Não consigo encontrá-la,
o leito se esvazia
à medida que líquidos misteriosos
buscam veias perdidas.

Atrás do soro pendurado
na ferrugem de velho suporte metálico,
mulheres de branco
lembram almas do outro mundo.

Não encontro no Google
o caminho de volta.

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