quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Cidade abandonada

Sebastião Salgado



















Virão os búfalos em manadas
Fogo nos olhos e nos cascos
Os cornos de vidro e plástico
Espetando o céu de dúvidas
E asco entre fios telefônicos
E as copas de árvores murchas
Manchando de caos o progresso
Gravado em cartazes gigantescos
Acima de marquises e sonhos
De consumo de zumbis sintéticos
Filhos de estatísticas perversas
E de psicolonialismo voluntário

Os búfalos dispostos a despropósitos
Disparam rancor e ressentimento
A cegueira condenatória do inconformismo  
saliva inevitável ausência de sobreviventes

2 comentários:

  1. Poema com uma narrativa existencial ímpar e, nada mais nada menos, que, foto de Sebastião Salgado? Um luxo na blogosfera! Excelente momento! Retrata a atualidade em verso / estrofe e imagem!
    Abraço.

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  2. Poemaço, José! Você sempre detona com seus gritos. Sabe bem colocar o dedo na fuça dormente da sociedade.
    Mais um poema seu para minha lista de favoritos.

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