Sessenta e duas naves naufragadas
de fragmentada
frota delirante:
prova
definitiva
de que
só navega de verdade
quem
se arrisca visceralmente.
Cego
da ausência dos olhos amados,
qualquer
ilha no horizonte
(sob
o cerco de Circe)
é
abismo incandescente.
Nenhum
futuro a bordo,
nenhuma
felicidade à frente.
À
beira de todos os perigos.
Navego
a mil furos por hora,
todas
as velas velozes
ao
sopro violento dos ventos.
Sem
pânico,
sem
arrependimento,
na
vazante do fundo dos seus olhos
a mil
milhas de mim distantes.
Não
amaldiçoo as fissuras de palavras
voláteis
abrindo o casco
à
correnteza de tempos sombrios,
líquida
serpente a beijar de morte
todos
os navios.
Peito
e palavras sempre abertos
ao
instável horizonte.
Levantar
âncora
e
ultrapassá-lo:
amálgama
de travessia e afundamento.
Só
se aventura de verdade
quem
navega verticalmente.
Sessenta
e duas naus carregadas
de
ouro e inundações contínuas
inauguram
o deserto das águas.
Não sei se aplaudo... se lhe dou parabéns... pois "levantar âncora e ultrapassá-lo, no beijar da morte... é realmente travessia e afundamento"... aqui em sessenta e nove naves naufragadas!
ResponderExcluirAbraço.
Que belo poema! Parabéns.
ResponderExcluirCélia e Lara, obrigado por navegarem nas águas desse poema. Abs
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