sábado, 4 de junho de 2011

ANARQUIPÉLAGO




















   

  José Antônio Cavalcanti


Submersas e móveis
ilhas
isoladas
sob um sol submarino
ensinam naufrágios a bússolas
no solstício de dezembro.

Não há caravelas
nem argonautas,
apenas náufragos
em águas estrangeiras.

Dois hemisférios
e nenhum verdadeiro.

Cinco ilhas desconhecidas:
entre elas, no fundo indizível,
vive,
no mar de fuligem, Le bateau Ivre.

Guarda (contrabando na carga)
palavras como âncoras corroídas,
ossos e um mundo fora de prumo.

O velame de velcro avisa
a vagabundos vivazes e visionários
que só se navega de verdade
verticalmente.

Ilhas em fuga
apagam a teoria dos conjuntos
a falácia de mapas,
o sentido da história,
os gozos memoráveis.

Tantos portos,
tantas palavras
e nenhum destino.

E se todo caminho for (clan)destino?

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