"Galés" investe o mar de uma arquitetura conceitual, numa rota poética mais ousada, na qual ressoam as vozes dos condenados da terra em busca de liberdade e transcendência. A forma estrófica de remos e o ritmo das remadas dão-lhe uma sonoridade de litania como se a possibilidade de naufrágio iluminasse os olhos dos escravos (todos aqueles que são obrigados a nutrir o capital). Não consigo me lembrar da data em que o criei, só sei que é da década de 80.
GALÉS
remos remos
raros leves
braços penas
riscando traçando
marcas rotas
nas águas com asas
remos remos
verdes duros
ramos cortes
flutuando desafiando
portos mortos
nas vagas com facas
remos remos
puros novos
letras rumos
inventando navegando
mares mundos
no futuro com procuras
remos remos
tristes largos
ritmos risos
talhando amanhecendo
rugas cantos
nas travessias com profecias
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