Chega-se à página mais doce
quando, após subir e descer ladeiras, vira-se à esquerda. Os pés ultrapassam
trilhos saudosos de dias de carnavais em bondes
onde chapéus e carteiras eram furtados, mas a alegria permanecia
inteira. O azul no céu intacto, imutável também o espelho distante da baía de
Guanabara. Desde o início do mundo, pequena aldeia e mirante acima do
rodamoinho urbano, Santa Teresa flutua poesia. Agora tudo o que se deseja são
dois cafés e que dois ingressos de cinema
sosseguem no bolso da camisa mostarda. Aos poucos o coração recupera o ritmo do
outono. Santa Teresa parece página arrancada do livro da cidade, mas a vista
deslumbrante, a cidade postada aos pés para álbuns de recordações, desaparece.
Não há neblina nem saudade, apenas leve interferência de alguém que, diante de
nossos olhos, acende um tênue princípio de felicidade. Passa-se, então, da
paisagem ao inacreditável.
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