quinta-feira, 8 de maio de 2014

Do livro que não se fecha





Chega-se à página mais doce quando, após subir e descer ladeiras, vira-se à esquerda. Os pés ultrapassam trilhos saudosos de dias de carnavais em bondes  onde chapéus e carteiras eram furtados, mas a alegria permanecia inteira. O azul no céu intacto, imutável também o espelho distante da baía de Guanabara. Desde o início do mundo, pequena aldeia e mirante acima do rodamoinho urbano, Santa Teresa flutua poesia. Agora tudo o que se deseja são dois cafés e que  dois ingressos de cinema sosseguem no bolso da camisa mostarda. Aos poucos o coração recupera o ritmo do outono. Santa Teresa parece página arrancada do livro da cidade, mas a vista deslumbrante, a cidade postada aos pés para álbuns de recordações, desaparece. Não há neblina nem saudade, apenas leve interferência de alguém que, diante de nossos olhos, acende um tênue princípio de felicidade. Passa-se, então, da paisagem ao inacreditável.

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