"Mudam-se os
tempos, mudam-se as vontades, / Muda-se o ser, muda-se a confiança; / Todo o
Mundo é composto de mudança, / Tomando sempre novas qualidades", escreveu
o moderníssimo Camões. Os poemas também, não se assuste velho amante de
Dinamene, podem cair fora do inalterável. Isso é o que nós, invisíveis poetas
subaquáticos, fazemos o tempo todo. Aliás, é uma das vantagens de se viver
abaixo da linha do horizonte: assim ou assado o silêncio sempre será o mesmo. Tudo isso porque resolvi alterar o último verso deste poema.
Palavra velada
]
Antes que venha a invasão noturna
e levante as veias fora
da pele,
antes que os cílios caiam
em coma
e o coração se negue sete
vezes,
antes que os dedos
cortados ensaiem
a volta ao vórtice da mão
esquerda,
a palavra encravada na
garganta
soletrará todas as
sílabas do silêncio.
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