quinta-feira, 31 de março de 2011

INVENTO

Não me lembro de quando é esse poema. Provavelmente da década de 90. Espero que agrade a algum leitor.

Adriana Varejão

                           
              José Antônio Cavalcanti



Tensionadas ao infinito

as janelas despencam

e a noite furta lanternas

ao céu.



Noturna procissão

de pássaros de jade

sobrevoa

o mármore da ansiedade.



Correnteza intangível

mergulha o destino

no inevitável.



A manhã é um gesto distante:

um relógio quebrado

no porão de uma igreja.



Um telhado em chamas

retém a chuva;

temporal de perdas

desabando imagens

e granizo.



Nada deterá o rosto

e o seu esforço

em inventar-se,

o grito ao ver-se,

o doer-se.



2 comentários:

  1. Eis aqui um leitor ao qual ele agradou, e muito!

    Imagem forte da Adriana Varejão. Quando não são as vísceras que pulam do íntimo da parede, é o branco frio e impermeável dos azulejos que não absorve o sangue.

    Um abraço.

    ResponderExcluir
  2. Eis aqui uma leitora ao qual ele agradou e muito, também!!!!!!!

    Eu tenho um viés muito forte com as palavras, elas me emocionam muito. Estas inclusive.

    Obrigada pelo convite, estarei sempre por aqui.

    Grande abraço.

    Elisiana Alves

    ResponderExcluir