Eu não sou este corpo, 2003, Deise Marin |
José Antônio Cavalcanti
Antes houvesse fundado
uma tribo de bárbaros.
Assim saberia o sabor
de incontáveis calamidades,
ouviria ossos assobiando agonias
entre tendas destruídas
e cupins de inútil mobília.
Insensato,
habitou entre demônios e ratos.
Vasculhou fendas invisíveis
no vasto e vulnerável horizonte.
Não navegou margens mallarmaicas
nem em homéricos mares naufragou
suas palavras malsãs e lunares.
Uma vulgaridade absurda gotejava
de sílabas em pânico,
contaminava
- no chão poças de Vallejo, Khlébnikov,
Drummond, Montale
e um imóvel Brodsky -
a água impura dos poemas.
De tanto inventar-se, um outro
tomou-o por inteiro.
Nada sobrou
em pele ou cofre noturnos,
a não ser metáforas anacrônicas
em um caos digitalizado.
Todos somos partículas, híbridos, resultado de uma "miscigenação" inevitável que não será, forçosamente, negativa.
ResponderExcluirUm beijo
Boa poesia, José Antônio. Gostei daqui.
ResponderExcluirAbraço grande.
Hola Jose Antonio, lei tus poemas y me gustaron mucho. Te felicito muy buena pagina,
ResponderExcluirte sigo y te invito a la mia. Si bien es de todo un poco puede que algo te interese, gracias y bienvenido Maira.
http://menteurbana-mairabel.blogspot.com
Olá poeta!
ResponderExcluirMuito bonito seu blog e bela sua poesia!
Que bela adaptação de invasões quando diz:
"De tanto inventar-se, um outro
tomou-o por inteiro.
Nada sobrou
em pele ou cofre noturnos,
a não ser metáforas anacrônicas
em um caos digitalizado".
Abraços
Ana
Ao Poeta,
ResponderExcluirJosé Antonio,
Suas palavras são de gosto e paladar, que se cria a parte elemental de todo ser, você não apenas escreve no papel as simples palavras que estas aparecem, e sim as escreves com a alma.
O abraço ao irmão de letras,
Carlos Vanilla
Gostei muito. Agora te sigo. Abraços.
ResponderExcluirsaludos, poeta me agrada su metáfora.
ResponderExcluirO que te toma por inteiro,
ResponderExcluirou melhor te bebe,
é a mais ébria poesia.
Muito prazer conhecer a sua casa. Muito honrada.
Andrea