sábado, 9 de abril de 2011

NAU SEM RUMO



















      José Antônio Cavalcanti




Não preciso de cartas de navegação:
basta-me o sonho de travessias impossíveis.




Caminhar sobre a superfície do oceano,
pisando em pássaros submarinos,
tropeçando em ruínas de outras civilizações,
beijando cadáveres de náufragos,
até a definitiva conversão em água, sal e vento.



Sei que não tenho destino.
É o destino que me possui.
As correntezas traçam a rota
e as tempestades preparam o naufrágio.



O mar não precisa de caminhos,
tece na solidão as formas da morte,
enquanto o vento entoa cantos fúnebres
sobre os campos azuis do país marítimo.



O mar não precisa de navios,
precisa apenas de corpos. 

(1976)

3 comentários:

  1. E tudo se acaba em espuma... Lindo, Zé. Bjs

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  2. Valeu, Kátia. Obrigado pela visita e pelas palavras.

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  3. Que poesia linda! Minha visita aqui faz-se necessária para abastecer-me de cultura e emoção.Grata José Antônio por existires nesse recanto tão aprazível.

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