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Iberê Camargo |
a.2
antes dos degraus a
porta caía aos pedaços tábuas como remendos inúteis qualquer bêbado a abriria
só com o hálito de álcool em madrugada morta mas uma tarde dois fugitivos subiram
o gólgota ombros e braços musculosos carregavam a bicicleta roubada por trás
dos raios das rodas rodava uma miragem de cabelos negros e pequenas sardas as
formas incabíveis em vestido gelo de folhas verde limão era a insônia era a
luxúria era a loucura subindo as escadas era meu coração rangendo à passagem de
tempestade de carne era um mocassim caramelo pisando as dobras do gozo em
lençóis lavados de solidão a maldade despontava no sorriso como pura promessa
de ruínas um casal principiava então a costurar abismos em que os aprisionava
no pânico do olhar
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