sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Narrativa a caminho da queda

Iberê Camargo



a.2


antes dos degraus a porta caía aos pedaços tábuas como remendos inúteis qualquer bêbado a abriria só com o hálito de álcool em madrugada morta mas uma tarde dois fugitivos subiram o gólgota ombros e braços musculosos carregavam a bicicleta roubada por trás dos raios das rodas rodava uma miragem de cabelos negros e pequenas sardas as formas incabíveis em vestido gelo de folhas verde limão era a insônia era a luxúria era a loucura subindo as escadas era meu coração rangendo à passagem de tempestade de carne era um mocassim caramelo pisando as dobras do gozo em lençóis lavados de solidão a maldade despontava no sorriso como pura promessa de ruínas um casal principiava então a costurar abismos em que os aprisionava no pânico do olhar 

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