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Imagem: a máquina de
leitura de Raymond Roussel
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Colha treze verbos
defectivos
entre ervas
na terceira prateleira
sétima conjugação
do armário terminado em
-IR
acima da torneira da pia
bege-brega
banheiro
primeiro à esquerda.
Encolha seis substantivos
abstratos
bolorentos
ancorados no porta-toalhas
aos pedaços
até vírusvirarem
fubá de mofo.
Escolha meia dúzia de
adjetivos
abortivos
surrados,
coloque-os
em banho-maria
no lugar (c)errado
da frase impossível.
Dê advermes de intensidade
e de pulverescência
aos ratos.
Esqueça conjunções,
deixe as feridas infames
a(b/l)ertas
sim, sangrarem
todos os tempos, modos,
números e pessoas.
Nada de coesão
ornato
onanismo
orientação.
Poemas não precisam
de salvo-conduto
salvação
salve!
Salvem aos poemas e aos poetas... ilógicos sempre!
ResponderExcluirAbraço.