quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Eclipse do horizonte

Jiri Borsky

























No vasto mar naves declinam
nomes estranhos
enquanto o assombro
sopra um alfabeto de espantos
na superfície dos sonhos.

Sem hipérbole,

sem hipérbato,
as águas batem na borda
amarga do destino
com o sal das almas náufragas.

Ilhas Afortunadas

só em Plutarco;
aqui apenas escolhos,
manchas de óleo,
sacos plásticos,
embalagens de papelão.

Nenhuma Ítaca

nas veias azuladas do oceano
sedentas de novo Titanic.

Nenhuma luz pulsando

ou coração batendo mais forte no cais.

Nada de mensagens em garrafas

ou mapas de míticas Babilônias.

Acendem-se melodias desconhecidas

em navios fantasmas
que passam a meia milha de distância.

Avisto vozes,

o horizonte
- sucata curvilínea –
se desmancha em SOS.
 
 

Um comentário:

  1. Risco uma hipérbole no horizonte, os riscos não se cruzam mas rasgo a tela que continha o mar.

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