escadas
paredes portas janelas assoalho teto nunca mais os mesmos pois não era um casal
de tarde de domingo em visita furtiva percebera desde o início nos olhos
amêndoas havia âncoras a acenar demorada estadia percebera a língua lambendo os
lábios como se dissesse “ego te removebo, ego te humiliabo, ego tibi multas
neces impendi praecipiam” por que se apoderar de uma alma de mil remendos para
removê-la como o suor de corpo febril se nenhuma escada alcança a altura do
desejo por que fazer alguém sofrer humilhações em praça pública enquanto
descasca uma laranja com requintes de cortesã homicida por que matar alguém em
câmara lenta se o filme não será exibido em lugar algum a não ser no banheiro
imundo entre água espuma e esperma uma corrente de ar fria ingressara na casa
as palavras saíam pesadas e úmidas em frases que já não chegavam a qualquer
destino como os livros escritos para cupins sobre a mesa como o de Guilherme de
Tours aberto em página infamemente antecipatória do encontro inesperado os
poemas levados por uma bicicleta lilás para o lixão da cidade uma corrente de
ar vinda das terras baixas da acídia e da divagação contaminara todo o trabalho
trazendo paralisia regurgitamento pestilência
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